Já escrevi
aqui mesmo neste espaço que a condição mínima para ser um governante mediano é
estar apoiado no tripé: “competência técnica”, “compromisso político” e “atitude”.
Analisando o atual momento da presidente Dilma Rousseff percebe-se que enquanto
ela não foi contestada, transitou com desenvoltura pelos três pilares desta
sustentação. Porém desde que ficou demonstrado seu compromisso com a porção
mais vulnerável de nossa sociedade que nota-se certo mal-estar nas camadas
representadas pelas grandes corporações profissionais e midiáticas. É bom que
se diga que este “compromisso” pelos pobres não é exatamente um atributo da
presidente, mas de um esquema político inaugurado pelo ex-presidente Lula, que,
aliás, em nome da governabilidade negociou ministérios, cargos em todos os
escalões do governo e mil outras exigências arquitetadas (o nome disso é chantagem)
pelos reacionários de plantão.
Está
na Bíblia e na sabedoria popular que ninguém pode servir a dois senhores
concomitantemente, ainda mais se estes senhores tiverem interesses
diametralmente antagônicos como são os da elite brasileira e os das classes que
sempre viveram à sombra dos “manda-chuva” e à margem da cidadania. A presidente
Dilma não pode ter a ilusão de contentar a todos. Os herdeiros diretos dos
donos da “Casa Grande” não se conformam que um “senzaleiro” viaje de avião ou
que compre uma roupa importada. E o que dizer de pobre e negro cursar
faculdade? É uma vergonha! Além do mais, aqueles serviços considerados
degradantes para a classe “A” como os trabalhos domésticos, construção civil e
outros, estão pela hora da morte, culpa do governo e suas “bolsas” que estão
criando um bando de “ociosos”.
Por
outro lado, os “bolsistas” e todos aqueles que se beneficiam dos programas
sociais do governo, uma vez elevados à condição de cidadãos consumidores e
contribuintes descobriram como é bom a vida do “outro lado”, vislumbraram a
possibilidade de ascenderem cada vez mais, de viajarem mais, de gozarem melhor
a vida, daí exigirem mais saúde mais educação e mais segurança. Conscientemente
ou não se exaltam com a possibilidade de dar o troco àqueles que historicamente
lhes negaram o direito à cidadania. É nesta arena (não confundir com Aliança
Renovadora Nacional, de triste memória) que a presidente tem que se mover,
popularmente diria que se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Portanto Presidenta
honre mais uma das pilastras do tripé, tome uma atitude, se ficar empurrando
com a barriga é provável que termine seu mandato com o dobro dos ministérios, o
povo na rua clamando por igualdade e os insaciáveis glutões da direita pedindo
mais sacrifício em nome da governabilidade.