sexta-feira, 14 de junho de 2013

TRANSPOSIÇÃO DAS ÁGUAS DA "FLOR DO CAMPO"

Hoje pela manhã, enquanto aconteciam os protestos de moradores de Novo Oriente contra a transposição das águas do Açude Flor do Campo para a vizinha cidade de Crateús, inclusive com o bloqueio da rodovia que liga as duas cidades, nós, eu e alguns amigos conversávamos sobre a possibilidade de vir a se concretizar a abertura das comportas do açude e também sobre a manifestação de pessoas contrárias à medida, quando alguém quis saber se era necessário algum tipo de autorização para que os manifestantes pudessem fechar a estrada. Imediatamente lembrei-me de um artigo que li, do advogado e professo de Direito Constitucional da PUC-SP, Pedro Estevam Serrano, onde ele diz que “democracia e liberdade implicam perturbações e até mesmo um nível tolerável de transgressões”.
Não pretendo responder a pergunta do meu amigo e nem tão pouco comentar as declarações do Dr. Serrano, pois me faltam conhecimentos jurídicos pata tal, todavia a democracia que defendo me permite emitir algumas opiniões despretensiosas a respeito. Primeiro penso que estes movimentos populares se constituem no único canal legítimo de reivindicação que as massas dispõem, embora não seja legítima a privação do direito de ir e vir dos demais atores. Ganha importância na proporção em que os poderes constituídos tomam conhecimento da força que tem o povo com certo nível de organização, é, enfim, o amplificador da voz popular, pois como dia o Rappa “Paz sem voz não é paz é medo”.
É uma arma de que dispõe o povo para fazer valer seus direitos, A última, eu acho, pois existe outra, primária, legítima, sem qualquer contestação no mundo democrático que é o voto, o sufrágio universal, como se diz no linguajar eleitoral. Acontece que esta arma é quase sempre desvirtuada ou mesmo usada contra os interesses dos que a possuem.  Esquecemos que quando falamos de voto a quantidade é infinitamente mais importante do que a qualidade, isto porque na urna a identificação do eleitor não pode ser revelada, restando que o voto do médico tem o mesmo peso do voto do gari ou do desempregado. Trazendo para nossa realidade não podemos comparar os nossos vinte e poucos mil votos com os mais de setenta mil de Crateús onde tanto Nenem Coelho como Domingos filho armaram suas arapucas e esperam capturar os incautos eleitores da “Príncipe Imperial”, muito embora a isca seja arrancada a ferro e fogo do açude Flor do Campo.

E porque estamos falando de voto se o foco é água, transposição e protestos? Por isso mesmo, são temas que envolvem política e políticos. Políticos que foram eleitos com nossos votos, nossas armas, e que agora se voltam contra nossos interesses, um tiro no pé. Talvez por aí dê para avaliarmos se valeu à pena aquele saco de cimento, aquele milheiro de tijolos e até mesmo aqueles cem reais que recebemos para votar naquele determinado candidato.