quarta-feira, 20 de junho de 2012

Meu Aniversário


20.06.2012
Eu sempre fui um admirador dos números, de suas curiosidades, da infalibilidade de seus cálculos, enfim, da segurança que eles nos proporcionam, mas hoje confesso que fiquei um pouco decepcionado com o resultado de uma simples operação de subtração, quando deduzi de 20.06.2012, a data em que nasci. Como sei que se trata de uma ciência exata, aceito racionalmente o veredito, mas internamente, o entusiasmo, o arrebatamento, e a motivação se recusam a sentir a idade apontada.
         A longa estrada da vida é na verdade um labirinto, escuro e cheio de opções, onde a todo o momento somos obrigados a escolher roteiros tendo por GPS apenas o bom senso. Neste labirinto certamente eu fiz algumas escolhas acertadas e seguramente muitas erradas, porém nenhuma que me envergonhasse ou envergonhasse minha família e amigos, portanto nenhuma digna de arrependimento. Às vezes em que protagonizei uma opção certa e justa festejei com júbilo e contentamento, mas foram as escolhas equivocadas que me levaram à reflexão e conseqüentemente à evolução. Sem falsa modéstia, hoje me sinto uma pessoa melhorada, graças às oportunidades que a vida me deu de rever meus conceitos e procedimentos.
         Deus, na sua infinita sabedoria, submeteu sua criação a ciclos que vão do nascimento, crescimento, amadurecimento, reprodução e morte e, segundo algumas correntes religiosas, um novo nascimento (reencarnação da alma). Creio que no percurso deste ciclo reencarnatório, estou na fase madura, já produzi alguns rebentos, que por sua vez, encontram-se percorrendo o labirinto, cuja melhor saída não os ensinei, mas procurei muni-los com o GPS do bom senso que os levará às grandes realizações dos acertos ou aos aprendizados dos equívocos.            

sábado, 16 de junho de 2012

O VALDECY MERECE RESPEITO


Para mim está muito claro que a saída do ex-prefeito Valdecy Coelho do grupo liderado pelo tio e mentor político, Rodrigão, foi mesmo falta de espaço. Porém, dito assim de forma direta, não reflete com precisão o que de fato aconteceu. Quando ainda quase criança, aquele período que todos pensamos que somos poetas, escrevi em versos pobres, um poema comparando o homem a uma árvore, em cuja uma de suas estrofes eu dizia:
                        ...Outras crescem muito e sombreiam
                       Todas as outras que lhe rodeiam
                       Obstando o seu desenvolvimento.
                       E quando morrem os pobres coitados
          E em pó se acham transformados
                       Ainda lhes servem de alimento.
Todos nós e a torcida do flamengo sabemos que nenhuma liderança política prospera à sombra do Rodrigão, nem mesmo um parente tão próximo como um sobrinho da primeira esposa, teria que ser, no mínimo, um filho para herdar tamanho patrimônio conquistado através de conchavos, favores e outras moedas da espécie.  O erro do Valdecy foi ter construído uma liderança num espaço temporal e territorial que o “rei sol” julgava seu. Mesmo governando engessado pelas idéias tribais do padrinho político e tendo que gastar literalmente oito meses de seu mandato para fechar os buracos deixados pela administração do primo Nenem Coelho, fez um bom governo, como, inclusive, apontam as pesquisas.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

CASAMENTO ARRANJADO



                Muito comum no passado, ainda persiste em algumas sociedades o instituto do Casamento Arranjado, notadamente na Índia e em outros países adjacentes. Na prática, o casamento nestas circunstâncias, não expressa a vontade dos noivos, não leva em conta afinidades de quem se propõe a viver o resto de suas vidas juntos, “até que a morte o separem”.  E enquanto a foice da morte não corta os laços engendrados pelos pais, quase sempre por motivos políticos e financeiros, o casal vive entre tapas e beijos (mais tapas do que beijos), porém a vontade dos genitores foi cumprida.

                Na política, hoje, mais que em qualquer outra época, assistimos passivos, a celebração de casamentos (ostentando o palatável nome de coalizão), entre partidos que nada têm a ver um com o outro e servem tão somente para acomodar chefetes políticos, que de outra forma seriam obstáculo a tal da governabilidade. Estatuto, programa de partido, ideologia, tudo isto é desconsiderado, nada deve obstaculizar um apoio, mesmo que para pagar o preço tenha que entregar a alma ao diabo.

                Porém, é na hora de compor a equipe de auxiliares que o governante se depara com as verdadeiras dificuldades de liderar interesses tão díspares. Cada secretário puxa a brasa para a sardinha de seu protetor, e são tantas as sardinhas e são tantos os protetores e são tantos os interesses que se o sujeito não tiver pulso forte faltará brasa e o fogo se apagará. Todavia, só ter pulso não resolve o problema, já que a qualquer momento poderá haver uma rebelião e os apoiadores passarão a chantagear a administração.

Chantagem, aliás, é arma poderosíssima nas mãos dos coronéis, chefetes políticos. Já por ocasião da campanha cada um deles demarca o território que se julga possuidor e que é proporcional a influência que deseja ter na administração, não são raras as brigas, as intrigas e os “disse me disse” na luta engalfinhada por poder. Esta talvez seja a causa de tantos insucessos de gestores bem intencionados que não conseguem concretizar seus projetos.  Por tudo isto o governante tem que administrar, como se diz, no fio da navalha.