sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

PAREDÕES DE SOM

                                                                                                        

                                                                                                     
  

            Ele vem fazendo estardalhaço por onde passa. Chega às casas, se encontrar portas abertas entra sem cerimônia, se não encontrar entra pelas frestas das portas e janelas, pelo telhado e até pelas paredes; não existe praticamente nada que possa segurá-lo. É inconveniente, não deixa você ver seu programa na televisão e nem conversar com seus amigos, mas também é sádico não lhe permitindo dormir, obrigando-lhe a aturá-lo por horas seguidas.
            Estou falando do ruído emitido pelos paredões de som que inferniza a vida de muita gente por este Brasil a fora.  Entendo que se alguém tem o direito de ouvir o que quer, eu igualmente tenho o direito de não ouvir o que não gosto. Diferentemente do rádio, da televisão e de outros aparelhos sonoros que sempre se tem o arbítrio de ligar, desligar, controlar o volume, etc., este barulho cataclismológico é soberano, reinando sob lei da impunidade ou sob lei nenhuma.
            Tal como acontece com o tabagismo, somos “ouvintes passivos”, submetidos a uma verdadeira overdose “decibélica” de música de gosto duvidoso, onde a tônica é a apologia a prostituição e a desvalorização das mulheres que, contraditoriamente, enchem os pátios, gritam, brigam se descabelam e tecem loas a quem as difamam.
            Igualmente como acontece no caso do cigarro, os paredões de som, geralmente instalados em veículos, servem de status para o proprietário. Conheço filhinho de papai que trafega pelas ruas a bordo de camioneta importada, com caixas de som cuspindo decibel por todos os lados e ele hermeticamente trancado na cabina, numa flagrante constatação que não é para seu consumo aquelas cenas de exibicionismo.
            A boa notícia é que algumas câmaras estão aprovando leis que buscam coibir estes exageros. As “leis do silêncio” municipais aliam-se a algumas iniciativas dos governos estaduais e de órgãos do meio ambiente preocupados com o bem estar e o sossego da população. Espera-se que em Novo Oriente nossos laboriosos vereadores tomem igual decisão.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

LAGOA DOS NERES


O  QUE  RESTOU  DA  LAGOA  DOS  NERES      -      AINDA DÁ TEMPO


             A localidade de “Lagoa dos Neres”, distante 20 quilômetros da sede do município de Novo Oriente, deve seu nome a uma antiga família que viveu na região, associado a uma lagoa que por muitos anos foi o único manancial onde o rebanho e o povo de uma área relativamente grande mataram a sede. A família, segundo registros, teria habitado a região, pelo menos, a partir da segunda metade do século XVII e desaparecido ainda no século XVIII. A lagoa, estudos geológicos comprovariam que está lá há milhares de anos e certamente continuaria lá, não fora a interferência negativa do homem nas últimas cinco décadas.
                Lembramo-nos que na década de 60, quando garotos e tomávamos banho nas águas límpidas da lagoa, éramos sempre vigiados por adultos, pois havia o risco de afogamento, uma vez que sua profundidade era presumida entre 2,5 metros e 3 metros. A preocupação era pertinente. Tanto era que por estes tempos morreu uma pessoa adulta, afogada, quando tentava atravessar a nado de uma margem à outra. Seu corpo só foi encontrado horas depois com auxílio de vários mergulhadores experientes.
                Nem bem se passaram 50 anos e hoje a lagoa não é nem sombra do que foi no passado. Sua extensão que outrora desafiou hábeis nadadores, ora não passa de poucos metros. O que chamaríamos de lâmina d’água (na verdade uma mistura indefinida de água, lama e restolho de tronco e galho de árvore) na parte mais profunda não atinge 70 centímetros. E se nada for feito, daqui a poucos anos não restará nem sinal do que um dia foi um lago imponente, chegando a emprestar seu nome para a localidade.

                                      

PEDREIRA CRIMINOSA  -  FALTA FISCALIZAÇÃO

                No entanto, não é necessário ser especialista no assunto para detectar a raiz do problema. Mesmo um olhar leigo comprovará que o desmatamento das encostas dos morros ao longo dos cinco ou seis quilômetros à jusante do riacho “Bom Sucesso” (assim chamado o pequeno rio que abastece a lagoa) é o principal responsável pelo assoreamento do reservatório. A situação tende a se agravar substancialmente a partir das próximas chuvas, pois uma grande quantidade de terra está sendo removida das referidas encostas em conseqüência da exploração de uma pedreira concentrada exatamente no leito do riacho. Temos dúvidas da existência de uma licença ambiental para o empreendimento.  
                Houve no passado um acordo tácito entre os proprietários de terras da comunidade. Todos tinham consciência que por tratar-se de um reservatório natural, ninguém se intitulava dono da lagoa, nem mesmo aqueles que por sobre as águas passavam seus domínios. Era um bem da natureza e assim deveria ser de utilidade para todos. Houve no passado, dissemos nós, pois no presente, esquecidas do acordo, algumas pessoas encompridaram seus quintais até o leito seco da lagoa. Até mesmo construção de moradias ameaça invadir áreas onde em outros tempos eram domínio das águas.
                Gostaria muito de que no futuro nossos filhos pudessem banhar-se nas águas da lagoa, como fizemos um dia, e dissessem orgulhosos para seus filhos: “Aqui está a lagoa que emprestou seu nome para nossa comunidade”. Depende de nós, ainda dá tempo! 


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

FRAUDE NA CONSTRUÇÃO DE CISTERNAS

EXEMPLO DE CISTERNA DE PLACAS 


A Associação de Desenvolvimento Comunitário de Lagoa dos Neres, do município de Novo Oriente, conseguiu este ano, através do sindicato rural, a construção de 68 cisternas de placa, do governo federal, conhecido como “Programa Um Milão De Cisternas”, para moradores de nossa comunidade. Quando do cadastramento das famílias/residências, foram encontradas algumas casas que segundo o registro no Ministério do Desenvolvimento já haviam sido contempladas com o benefício, embora a obra não tivesse sido construída no local.  
Por informação dos moradores, ficamos sabendo que haviam sido cadastrados para o objeto do convênio 597182, celebrado entre a Prefeitura Municipal e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, no valor de R$ 711.998,65, com vigência entre as datas de 13.12.2007 a 30.11.2009, cujo montante foi integralmente liberado em 14.12.2007. Ainda segundo informação de populares (não comprovada, pois não dispomos da relação completa dos beneficiados) em várias comunidades do município existem casos da espécie.
Sei que parece perseguição, mas realmente é difícil transitar pelo município de Novo Oriente sem topar com algum indício de desvio de conduto de nossos dirigentes. Então estou levantando a bola; cabe àqueles que podem, querem e sabem chutá-la para o fundo do gol.
Abaixo os dados do convênio assinado com a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e fraudulentamente consta como ADIMPLENTE.   



Número do Convênio SIAFI:
597182 
Situação:
Adimplente
Nº Original:
55000857200700203
Objeto do Convênio:
Objeto: Cisternas - Apoio à construção de cisternas de placas para o armazenamento de água dachuva no município de Novo Oriente/CE.
Órgão Superior:
MINISTERIO DO DESENV. SOCIAL E COMBATE A FOME
Concedente:
SECRETARIA NACIONAL DE SEG.ALIM E NUTRICIONAL
Convenente:
PREF MUN DE NOVO ORIENTE
Valor Convênio:
711.998,65
Valor Liberado:
711.998,65
Publicação:
13/12/2007
Início da Vigência:
13/12/2007
Fim da Vigência:
30/11/2009
Valor Contrapartida:
37.498,96
Data Última Liberação:
14/12/2007
Valor Última Liberação:
711.998,65


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

SUSPEITA DE FRAUDE NAS PROVAS DO DETRAN

SUSPEITA DE FRAUDE NO PROGRAMA DE CARTEIRAS POPULARES   
Somos definitivamente um povo diferente. Nada nos abala, estamos vacinados contra emoções provenientes de escândalos, sejam eles: locais, estaduais e até nacionais. Perdemos inapelavelmente a capacidade de nos indignar, mesmo que assistamos um ente dito público enfiar a mão em nosso bolso e surrupiar os últimos trocados de que dispomos, mesmo assim, dado o grau de entorpecimento, somos incapazes de ir até uma delegacia ou ao Ministério Público para registrar uma queixa.
            A história seguinte, dado a sua gravidade, custou-me acreditar e só o fiz depois de ouvir a mesma história de várias pessoas, entre elas, uma que se submeteu à chantagem.  Todas, candidatas à obtenção de Uma “Carteira de Motorista Popular”, confirmaram que a comissão do DETRAN que veio a Novo Oriente com a finalidade de aplicar o exame de legislação e direção defensiva estava cobrando um pedágio de quem quisesse garantir a aprovação no valor de R$ 800,00 no primeiro dia e de até R$ 200,00 no terceiro e último dia.
         Programa Popular de Formação, Educação, Qualificação e Habilitação Profissional de Condutores de Veículos Automotores, do Governo do Estado do Ceará - Carteira der Motorista Popular – foi instituído pela Lei 14.288-A, de 06.01.2009 e garante gratuidade de todas as etapas.
         Com a divulgação do resultado do certame observa-se um princípio de revolta por parte daqueles que não pagaram. Com a palavra o DETRAN-CE, o Ministério Público e demais autoridades competentes. Voltaremos ao assunto.  

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PROGRAMA DE MORADIA DE NOVO ORIENTE

O local é Açude dos Carvalhos, mas poderia ser outro qualquer situado ao longo do reino dominado pelo clã dos “coelhos”, que compreende todo município de Novo Oriente. A história é parecida com as de muitas comunidades que os jornais noticiam por esse Brasil a fora. A não ser por um pequeno detalhe que veremos a seguir.
A comunidade é composta por aproximadamente 20 famílias e certamente mais de uma centena de pessoas entre crianças, adultos e idosos. Como nas demais localidades do município, os que precisam estudar se deslocam até uma comunidade vizinha onde existe ensino regular ou à sede do município, sempre no desconforto e na insegurança de camionetes grosseiramente adaptadas para o transporte escolar.
Todavia, alguns alunos, não sei por qual critério, não se submetem a estas viagens, sendo assistidos no local no que se convencionou chamar de “sala multisserial”, que vai do pré-escolar até a 4º série. A referida sala funciona precariamente em um pequeno armazém cedido por um morador e segundo a professora que comanda a turma multidisciplinar a Secretária de Educação prometeu a construção de local digno para o mister. Ate aí tudo bem, que dizer até aí a historia é comum em se tratando de Brasil.

ESTA É UMA ESCOLA MUNICIPAL DE NOVO ORIENTE, ATUALMENTE
SERVINDO DE RESIDÊNCIA PARA UMA FAMÍLIA EM AÇUDE DOS CARVALHOS

O inusitado aqui é que na comunidade já existe uma escola construída pelo município, ou seja, com dinheiro público, e que atualmente foi cedida pelo prefeito para residência de uma sua eleitora, como se vê na fotografia acima. Note que os mamoeiros crescidos dão uma idéia do tempo em que o prédio está ocupado. A frente pintada de azul até que disfarça, mas a lateral amarela nos remete a cor original dos prédios públicos municipais.Informações não comprovadas dão conta de que o município arca até hoje com a conta de energia.
Este é o Reino de Novo Oriente, cujos súditos fiéis são tratados a pão-de-ló e moradia com energia. 


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

MUNDÉU





MUNDÉU

No Linguajar de caçadores, mundéu é uma armadilha destinada a apanhar pequenos animais silvestres, como preá, mocó, etc. Caçada já foi uma atividade esportiva e de subsistência desenvolvida principalmente por moradores das zonas rurais e que felizmente órgãos de fiscalização como o IBAMA vem combatendo sistematicamente.
A armadilha que vemos aí acima não tem nada de atividade esportiva nem se destina a captura de animais. Tampouco fica nas matas como era de se esperar. Ela está armada (no sentido literal da palavra) numa dependência bastante freqüentada do Colégio Municipal Luis Canuto, em Lagos dos Neres, Novo Oriente.
Esta linha que se vê amarrada com cordas fica sobre uma área de recreio do Colégio, onde se situam banheiros, cantina e bebedouros, sendo também passagem obrigatória para a diretoria e suporta todo peso do teto. Se este nó mal amarrado vier a se desatar ou a corda se quebrar o desfecho será catastrófico para as centenas de alunos e funcionários que transitam por ali diariamente, expostos a esta verdadeira ARAPUCA.