Ele vem
fazendo estardalhaço por onde passa. Chega às casas, se encontrar portas
abertas entra sem cerimônia, se não encontrar entra pelas frestas das portas e
janelas, pelo telhado e até pelas paredes; não existe praticamente nada que
possa segurá-lo. É inconveniente, não deixa você ver seu programa na televisão
e nem conversar com seus amigos, mas também é sádico não lhe permitindo dormir,
obrigando-lhe a aturá-lo por horas seguidas.
Estou
falando do ruído emitido pelos paredões de som que inferniza a vida de muita
gente por este Brasil a fora. Entendo
que se alguém tem o direito de ouvir o que quer, eu igualmente tenho o direito
de não ouvir o que não gosto. Diferentemente do rádio, da televisão e de outros
aparelhos sonoros que sempre se tem o arbítrio de ligar, desligar, controlar o
volume, etc., este barulho cataclismológico é soberano, reinando sob lei da
impunidade ou sob lei nenhuma.
Tal como
acontece com o tabagismo, somos “ouvintes passivos”, submetidos a uma
verdadeira overdose “decibélica” de música de gosto duvidoso, onde a tônica é a
apologia a prostituição e a desvalorização das mulheres que, contraditoriamente,
enchem os pátios, gritam, brigam se descabelam e tecem loas a quem as difamam.
Igualmente
como acontece no caso do cigarro, os paredões de som, geralmente instalados em
veículos, servem de status para o proprietário. Conheço filhinho de papai que
trafega pelas ruas a bordo de camioneta importada, com caixas de som cuspindo
decibel por todos os lados e ele hermeticamente trancado na cabina, numa
flagrante constatação que não é para seu consumo aquelas cenas de
exibicionismo.
A boa
notícia é que algumas câmaras estão aprovando leis que buscam coibir estes
exageros. As “leis do silêncio” municipais aliam-se a algumas iniciativas dos
governos estaduais e de órgãos do meio ambiente preocupados com o bem estar e o
sossego da população. Espera-se que em Novo Oriente nossos laboriosos vereadores
tomem igual decisão.